Você vale o que você tem

Aprendi cedo, ainda quando criança, que nós somos o que temos de dinheiro e bens materiais. Isso é o que determina como somos vistos, como vamos ser tratados e inclusive nosso círculo de amizade. Pelo menos dois fatos me marcaram naquele tempo para que eu começasse entender que é assim que o mundo funciona.

Quando eu tinha 10 anos, estava na quarta série do Ensino Fundamental. Tinha um amigo que fazíamos praticamente tudo juntos na escola, éramos bem próximos. O que mais a gente gostava era brincar com uns carrinhos de plásticos meus, estilo da hotweels hoje, deslizando eles pelas paredes, como uma corrida na horizontal. Fazíamos isso quase todos os dias. Até que um dia outro colega da turma trouxe carrinhos de metal, mas apenas dois. O então meu amigo começou a brincar com ele e se afastou de mim.

Outro acontecimento foi quando eu cursava o quinto ano, tinha uns 11 anos idade. Perto da escola tinha uma quitanda de doces. Todo mundo ia lá comprar antes da aula. Um dia chamei um colega pra ir junto comigo, só que ele me perguntou quantos eu tinha. Eu tinha 3 reais. Ele disse: “Só isso? É pouco”. Eu fui sozinho.

Eu lembro que esses dois fatos mexeram comigo, mesmo sendo criança ainda. Com o tempo eu entendi o que aconteceu. Claro, talvez pra esses meus colegas também não fizesse tanto sentido como faz para um adulto.

O fato é que experiências como essas nos moldam, principalmente quando estamos começando a construir nosso caráter, nossos valores e mostrar ao mundo quem somos  e como realmente lidamos com a vida. Pegamos todo esse aprendizado e podemos ficar do lado certo ou errado, conforme nosso entendimento.


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